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Café arábica, robusta e milho recuam, enquanto açúcar cristal sobe no mercado paulista

Sophia Stein

O preço do café arábica segue caindo, desta vez,3,12%, nesta terça-feira (8), e a saca de 60 kg está sendo negociada por R$ 1.682,70 na cidade de São Paulo, segundo dados atualizados do mercado.

    

O preço do café arábica segue caindo, desta vez, 3,12% nesta terça-feira (8), e a saca de 60 kg está sendo negociada por R$ 1.682,70 na cidade de São Paulo, segundo dados atualizados do mercado.

Já o café robusta teve queda de 1,84%. A saca de 60 kg do grão está sendo vendida a R$ 1.066,77.

Indicador do café arábica nos últimos 5 dias:

Data Valor R$ Var./Dia Var./Mês Valor US$
07/07/2025 1.682,70 -3,12% -8,27% 307,12
04/07/2025 1.736,94 -0,30% -5,31% 320,23
03/07/2025 1.742,20 -2,12% -5,02% 321,91
02/07/2025 1.779,95 -1,52% -2,97% 328,16
01/07/2025 1.807,41 -1,47% -1,47% 330,85

Indicador do café robusta nos últimos 5 dias:

Data Valor R$ Var./Dia Var./Mês Valor US$
07/07/2025 1.066,77 -1,84% -3,47% 194,70
04/07/2025 1.086,76 0,44% -1,66% 200,36
03/07/2025 1.082,04 1,23% -2,08% 199,93
02/07/2025 1.068,92 -2,74% -3,27% 197,07
01/07/2025 1.099,04 -0,55% -0,55% 201,18

Preço do açúcar cristal

O preço do açúcar cristal registrou alta em São Paulo e em Santos nesta segunda-feira (7).

  • Em São Paulo capital, a saca de 50 kg do açúcar cristal subiu 0,61%, sendo cotada a R$ 117,44.
  • Em Santos (SP), a cotação média, sem impostos, caiu 0,66%, com o valor da saca em R$ 122,72.

Indicador do açúcar cristal nos últimos 5 dias em São Paulo:

Data Valor R$* Var./Dia Var./Mês Valor US$*
07/07/2025 117,44 0,61% 0,71% 21,43
04/07/2025 116,73 0,14% 0,10% 21,52
03/07/2025 116,57 0,53% -0,03% 21,54
02/07/2025 115,95 -0,44% -0,57% 21,38
01/07/2025 116,46 -0,13% -0,13% 21,32

Indicador do açúcar cristal nos últimos 5 dias em Santos:

Data Valor R$* Var./Dia Var./Mês Valor US$*
07/07/2025 122,72 -0,66% 4,04% 22,50
04/07/2025 123,54 0,48% 4,74% 22,84
03/07/2025 122,95 3,67% 4,24% 22,68
02/07/2025 118,60 -0,68% 0,55% 21,76
01/07/2025 119,41 1,24% 1,24% 21,91

Preço do milho

Na região de Campinas (SP), a saca de 60 kg do milho está sendo vendida a R$ 63,44, com queda de 0,95% no dia.

Indicador do milho nos últimos 5 dias:

Data Valor R$* Var./Dia Var./Mês Valor US$*
07/07/2025 63,44 -0,95% -5,34% 11,58
04/07/2025 64,05 -0,16% -4,43% 11,81
03/07/2025 64,15 -1,69% -4,28% 11,85
02/07/2025 65,25 -0,65% -2,64% 12,03
01/07/2025 65,68 -2,00% -2,00% 12,02

Os dados são do Cepea.

Diferença entre café arábica e café robusta: características, uso e regiões produtoras

Café arábica e café robusta são as duas principais variedades cultivadas e comercializadas no Brasil, ambas medidas em sacas de 60 kg.

  • O café arábica (conhecido também como café Conilon, em algumas regiões) tem sabor mais suave, menor teor de cafeína e alta qualidade sensorial, sendo preferido em cafeterias especializadas e nas exportações de cafés premium. Representa cerca de 70% da produção brasileira, com destaque para estados como Minas Gerais e São Paulo.
  • O café robusta, por sua vez, possui sabor mais amargo, maior concentração de cafeína e corpo mais intenso. É amplamente utilizado na produção de café solúvel e blends comerciais. Seus principais polos produtores são o Espírito Santo e Rondônia, e seu preço costuma ser mais baixo em comparação ao arábica, por conta do perfil mais industrial.

Como é calculada a saca de açúcar cristal?

A saca de açúcar cristal no Brasil é padronizada em 50 quilos, especialmente para comercialização no mercado atacadista e para uso na indústria alimentícia. Essa unidade de medida é adotada pelo Cepea/Esalq-USP, principal fonte de cotações diárias do açúcar cristal no país.

Qual o peso da saca de milho no Brasil?

A saca de milho equivale a 60 kg de grãos, mesmo padrão utilizado para soja e trigo. Essa medida é oficializada por instituições como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério da Agricultura (MAPA) e o Cepea, sendo amplamente usada em negociações e relatórios de preço do milho.
  

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Em mais uma queda, café é cotado a R$ 2.473,66

Lívia Braz

Nesta segunda-feira (19), a saca de 60 quilos do café arábica custa R$ 2.473,66, registrando queda de 0,87%. O café robusta, segue a mesma tendência e cai 0,30%, cotado a R$ 1.519,40.

 Nesta segunda-feira (19), a saca de 60 quilos do café arábica custa R$ 2.473,66, registrando queda de 0,87%. O café robusta segue a mesma tendência e cai 0,30%, cotado a R$ 1.519,40.

O açúcar cristal, em baixa de 0,78%, custa R$ 136,94 na capital paulista. No litoral, em baixa de 0,15%, vale R$ 134,22.

Já a saca de 60 kg do milho fechou em baixa de 0,19% e é negociada a R$ 732,93, para a região de referência de Campinas (SP).

Os valores são do Cepea.


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Diálogos de Integração Ep#2: Microcrédito Rural

Brasil61

No segundo episódio do podcast Diálogos de Integração, sobre microcrédito para produtores rurais e povos tradicionais, o secretário nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do MIDR, Eduardo Tavares, falou sobre os Fundos Constitucionais de Financiamento, o passo a passo para acessá-los e sobre como as mulheres são prioridade no programa. No segundo episódio do podcast Diálogos de Integração, sobre microcrédito para produtores rurais e povos tradicionais, o secretário nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do MIDR, Eduardo Tavares, falou sobre os Fundos Constitucionais de Financiamento, o passo a passo para acessá-los e sobre como as mulheres são prioridade no programa.

No segundo episódio do podcast Diálogos de Integração, sobre microcrédito para produtores rurais e povos tradicionais, o secretário nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do MIDR, Eduardo Tavares, falou sobre os Fundos Constitucionais de Financiamento, o passo a passo para acessá-los e sobre como as mulheres são prioridade no programa.

“Uma série de políticas públicas do governo federal buscam reconhecer o papel central da mulher na família. Nas políticas do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, a gente também reconhece esse papel da mulher. Então, além do microcrédito, que é trabalhado com vários ministérios, a gente tem criado linhas para fortalecer esse empreendedorismo feminino”, afirmou o secretário.
 

Diálogos de Integração

Com episódios semanais, o programa está disponível no Soundcloud, Spotify e YouTube (em formato de vídeocast) e será distribuído para 6,3 mil rádios em todo o país, incluindo emissoras comunitárias.


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Agricultura 4.0: Por Que Quem Cria os Algoritmos Ganha Mais Que Quem Planta

O futuro do agronegócio está no código, não no campo

Você já percebeu como o agricultor moderno depende cada vez mais de tecnologia? Tratores com GPS, drones monitorando plantações, sensores medindo umidade do solo... Tudo isso transformou completamente o que antes era apenas um trabalho braçal.

Mas aqui está a pergunta que poucos fazem: quem realmente captura o valor nessa nova agricultura?

Imagine um produtor de soja brasileiro que investe em tecnologia de ponta. Ele pode até bater recordes de produtividade, mas grande parte do valor gerado em sua fazenda não fica com ele – vai para quem desenvolveu os algoritmos, os sensores e os sistemas que tornaram essa produtividade possível.

Este é o paradoxo da agricultura moderna: quanto mais avançada ela se torna, mais depende de tecnologias desenvolvidas por outros países.

Vamos entender por que o algoritmo vale mais que a plantação – e o que isso significa para o futuro do Brasil.

A Lei do Valor Agregado na Era Digital

A disparidade de valor entre produzir commodities e desenvolver tecnologia é mais evidente do que nunca:

A Matemática Implacável da Tecnologia

  • Uma tonelada de soja vale aproximadamente US$ 400

  • Um software de agricultura de precisão pode custar milhões e ser usado em milhares de fazendas

  • Enquanto o Brasil precisa de 341 mil hectares para gerar US$ 396 milhões com soja, uma empresa de tecnologia agrícola pode gerar o mesmo valor com apenas alguns escritórios e centenas de programadores

Lembra da comparação entre a Embraer e a soja? O mesmo princípio se aplica aqui: o conhecimento intensivo gera muito mais valor por metro quadrado que a produção extensiva de commodities.

A Armadilha da Dependência Tecnológica 2.0

O agricultor 4.0 depende criticamente de:

  • Algoritmos de inteligência artificial para otimizar plantio

  • Software de análise de dados para prever condições climáticas

  • Sistemas de monitoramento via satélite

  • Automação e robótica para colheita e manejo

  • Biotecnologia e edição genética para sementes

Quem controla essas tecnologias? Não são as empresas brasileiras, mas gigantes tecnológicos de países desenvolvidos. Assim, mesmo quando o Brasil bate recordes de produção agrícola, o valor agregado mais significativo vai para o exterior.

Esta questão da distribuição desigual de valor nas cadeias produtivas globais é algo que discutimos em profundidade em nosso Curso EAD Economia Para Entender o Brasil, especialmente quando analisamos por que alguns países conseguem avançar na escada da complexidade produtiva enquanto outros permanecem presos à produção de commodities.

O Paradoxo do Emprego na Agricultura Digital

A agricultura moderna tem duas faces quando falamos de trabalho:

  • No Campo: Cada vez menos pessoas necessárias para a produção

  • No Desenvolvimento: Alta demanda por profissionais qualificados em programação, ciência de dados e engenharia

O problema é que os empregos de alto valor estão concentrados nos países que desenvolvem a tecnologia, não nos que apenas a utilizam. Como disse em artigos anteriores, países ricos fazem a tecnologia, países pobres apenas a consomem.

A Realidade dos Países que Dominam a Agricultura 4.0

Os verdadeiros líderes da agricultura moderna não são necessariamente os maiores produtores, mas os que dominam a tecnologia:

  • Holanda: Maior exportador agrícola da Europa, mas rica principalmente por dominar tecnologias avançadas de cultivo

  • Israel: Tornou-se potência agrícola no deserto graças ao desenvolvimento de tecnologias próprias de irrigação e cultivo

  • Estados Unidos: Líder agrícola que também domina o desenvolvimento de software e hardware para o setor

No mundo moderno, o poder não está em ter terras férteis, mas em controlar os algoritmos que maximizam sua produtividade.

Do Campo para o Código: Uma Nova Visão

Imagem mostrando gráfico de crescimento do mercado global de Inteligência Artificial na agricultura, projetando aumento de US$1,2B em 2022 para US$10,2B em 2032, com CAGR de 24,5%
Fonte: https://www.globenewswire.com/news-release/2024/02/06/2824050/0/en/AI-in-Agriculture-Statistics-Transforming-Farming-Practices-for-Enhanced-Efficiency-and-Sustainability.html

Imagine se o Brasil, além de ser o celeiro do mundo, também desenvolvesse as tecnologias que revolucionam a agricultura.

A verdade é que um país que domina apenas a produção física, sem desenvolver tecnologia própria, está fadado a capturar apenas uma fração diminuta do valor total gerado.

O velho ditado "você é o que você come" poderia ser adaptado para: "sua economia é o que você desenvolve, não o que você planta."

Estar preso ao papel de "celeiro do mundo" é limitante quando os verdadeiros lucros estão em desenvolver as ferramentas digitais que transformam a agricultura moderna.

O Que Realmente Importa Não é o Que, mas o Como!

A verdade incômoda é que o valor na agricultura 4.0 está cada vez menos no produto final e cada vez mais nas tecnologias que viabilizam sua produção eficiente.

Pense diferente: no mundo moderno, é melhor dominar o conhecimento que faz as fazendas funcionarem do que apenas possuir as fazendas em si.

Porque enquanto commodities podem ser cultivadas em qualquer lugar com clima adequado, o conhecimento para revolucionar como elas são produzidas é o verdadeiro ouro do século XXI.

Um grande abraço!

Paulo Gala

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Dia de Luta pela Reforma Agrária: MIDR reforça compromisso com a dignidade no campo por meio do acesso à água

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Programa Água Doce já beneficia mais de 140 assentamentos no Nordeste com segurança hídrica e inclusão social

No Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, celebrado em 17 de abril, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) destaca o papel do Programa Água Doce na promoção de dignidade, cidadania e desenvolvimento sustentável para milhares de famílias assentadas no semiárido brasileiro. Atualmente, mais de 140 assentamentos da reforma agrária são beneficiados com acesso à água potável.

Criado para garantir o acesso à água de qualidade para o consumo humano em comunidades difusas do semiárido, o Programa Água Doce tem se consolidado como instrumento de inclusão social, especialmente em áreas de vulnerabilidade hídrica. Ao levar água potável a assentamentos rurais, o programa assegura um direito básico e fortalece as condições de vida e produção das famílias que vivem da agricultura familiar.

“Água potável é dignidade, saúde e condição básica para o desenvolvimento. Com o Água Doce, o Governo Federal cumpre seu papel de promover justiça social e garantir segurança hídrica para quem mais precisa”, reforça o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

O secretário nacional de Segurança Hídrica do MIDR, Giuseppe Vieira, também destaca a integração das ações do ministério com as políticas de reforma agrária. “Falar em reforma agrária diz respeito à luta por justiça social, soberania alimentar e redistribuição de terras. E dentro dessa agenda, o MIDR está totalmente inserido, porque realiza diversas ações que visam o desenvolvimento regional, sobretudo das populações menos favorecidas”, afirma.

Tecnologia de irrigação

Além disso, o secretário ressalta os investimentos em agricultura irrigada no contexto da agricultura familiar. “Estamos fomentando projetos que garantem eficiência produtiva nas parcelas dos assentamentos. Um exemplo é o projeto em Flores de Goiás, desenvolvido com a Codevasf, onde implantamos áreas de fruticultura com uso de tecnologia de irrigação. Também temos o projeto Marrecas, no Piauí, com infraestrutura de irrigação sendo instalada em assentamentos localizados em regiões com forte escassez hídrica”, observou o secretário.

O impacto dessas políticas é sentido diretamente nas comunidades. Para a agricultora Eva Araújo, de 62 anos, que vive no Caatinga Grande, em São José do Seridó, no Rio Grande do Norte, há 30 anos, o programa trouxe mudanças reais. Ela cultiva milho, feijão, sorgo, palma e frutas como melancia. “A gente agora tem água, tem terra para plantar e criar os filhos com dignidade. Depois de tanto tempo na luta, é gratificante ver as melhorias chegando”, comemora.

“O Programa Água Doce levou mais dignidade a diversas comunidades em assentamentos por todo o semiárido brasileiro ao longo de 21 anos de existência. É um importante instrumento de inclusão pelo qual o Governo Federal atua, garantindo aos assentados maior segurança hídrica, o que é fundamental para assegurar o desenvolvimento dessas comunidades”, destaca Wellyngton Dias, coordenador do programa no MIDR.

Segundo o Incra, o Brasil conta atualmente com 9.858 assentamentos reconhecidos, onde vivem mais de um milhão de famílias. Essas áreas somam mais de 92 milhões de hectares distribuídos por todo o território nacional. Cada assentamento é planejado a partir da capacidade de uso produtivo da terra, disponibilidade de água, estrutura comunitária e preservação ambiental.

Fonte: MIDR


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O agronegócio avança sobre as águas subterrâneas

Estudo mostra: superexploração de aquíferos está comprometendo a vazão de metade dos rios do país. Poços para irrigação agrícola ou consumo privado são os principais motivos: hoje, 88% deles são clandestinos. Além disso, geram sério risco de colapso da superfície

Por José Tadeu Arantes, em O Eco

Mais da metade dos rios brasileiros apresenta risco de redução de fluxo devido à percolação da água em direção aos aquíferos subterrâneos. Esta constatação resultou da análise de 17.972 poços em todo o território nacional. Destes, 55,4% apresentaram níveis de água abaixo da superfície dos rios mais próximos. Essa diferença no nível hidráulico cria um gradiente que favorece a percolação da água do rio para o subsolo, podendo transformar rios em perdedores de fluxo de água. O estudo, realizado por pesquisadores do país e do exterior, foi publicado no periódico Nature Communications “Widespread potential for streamflow leakage across Brazil”.

“Devido a condições climáticas e à intensa atividade agrícola, são áreas especialmente críticas a bacia do rio São Francisco e a região do Matopiba [que abrange os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], ambas muito dependentes de águas subterrâneas para irrigação e abastecimento humano”, diz Paulo Tarso Sanches de Oliveira, segundo autor do estudo, professor de hidrologia e recursos hídricos na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP).


No caso da bacia do São Francisco, 61% dos rios analisados mostraram potencial de perda de fluxo de água para o aquífero, resultado atribuído ao uso intensivo de águas subterrâneas principalmente para irrigação. A situação é ainda pior na bacia do rio Verde Grande, um afluente do São Francisco, que se estende pelo norte de Minas Gerais e sudoeste da Bahia. Neste caso, o potencial de perda de fluxo chega a afetar 74% dos rios. “Essas duas bacias são cruciais para a agricultura e geração de energia hidrelétrica no Brasil. O que está acontecendo põe em risco não apenas a sustentabilidade local, mas também a segurança hídrica, alimentar e energética em grande escala”, comenta Oliveira.

Um forte fator de impacto é a perfuração indiscriminada de poços, para irrigação agrícola ou consumo privado. Estudo publicado em 2021 por Ricardo Hirata e colaboradores mostrou que existiam naquela data cerca de 2,5 milhões de poços tubulares no Brasil e que mais de 88% deles eram ilegais, sem licença ou registro para bombeamento. O volume de água bombeada, da ordem de 17,6 bilhões de metros cúbicos por ano, seria suficiente para atender toda a população brasileira, mas era usufruído por menos de 20% da população.

Além de o bombeamento comprometer seriamente a vazão dos rios, afetando a disponibilidade de água para o consumo humano, os ecossistemas aquáticos e a própria paisagem, o uso excessivo de água subterrânea pode causar a subsidência do solo – isto é, o afundamento e até mesmo o colapso da superfície. “Esse cenário já foi observado na Índia e na Califórnia, e o Brasil pode vir a enfrentar problemas semelhantes se não houver planejamento e controle adequados. O alerta é ainda mais relevante diante das projeções que indicam um aumento superior a 50% nas áreas irrigadas no país nos próximos 20 anos, o que pressionará ainda mais os recursos hídricos superficiais e subterrâneos”, sublinha o pesquisador.

Planejamento e controle são indispensáveis, pois, apesar de deter 15% da água doce renovável do mundo, o país já está enfrentando grandes problemas hídricos, que o acirramento da crise climática deverá agravar. “A região do bioma Cerrado, que abriga importantes aquíferos e rios estratégicos, além de ser a principal área de expansão agrícola e responsável por 70% da produção de milho do país, está entre as regiões mais vulneráveis. O equilíbrio entre rios e aquíferos na região pode ser comprometido pelas recentes mudanças no uso e cobertura do solo, impulsionadas pelo avanço da fronteira agrícola e, sobretudo, pela crescente demanda por irrigação”, pontua Oliveira.

Para enfrentar esse cenário, os pesquisadores envolvidos no estudo enfatizam a necessidade de integrar a gestão de águas superficiais e subterrâneas. Ferramentas baseadas em sensoriamento remoto e dados de campo podem ajudar a mapear regiões críticas e a orientar políticas públicas. Além disso, investimentos em monitoramento hidrogeológico são cruciais. “O Brasil tem potencial para ampliar a irrigação de forma sustentável, mas é necessário planejar melhor o uso integrado das águas subterrâneas e superficiais para evitar impactos negativos”, afirma José Gescilam Uchôa, primeiro autor do artigo.

Foi ele o responsável pelo levantamento exaustivo de informações sobre os 17.972 poços investigados. Para esse levantamento, feito durante sua pesquisa de mestrado, Uchôa utilizou a base de dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Agora doutorando na EESC-USP, sob a orientação de Edson Cezar Wendland, que também assina o artigo, Uchôa está pesquisando o impacto do uso e da ocupação do solo, bem como das mudanças climáticas, nos fluxos hidrológicos entre as águas subterrâneas e superficiais em área de afloramento do aquífero Guarani. A investigação é apoiada por bolsa da FAPESP.

Oliveira e Uchôa argumentam que ainda é possível minimizar o problema, mas que medidas efetivas não podem ser postergadas, porque, do jeito que as coisas estão, a depleção do sistema hídrico já está impactando, inclusive, a saúde da população. “Em 2017, foi registrado um aumento significativo nos casos de pressão alta entre os moradores de um pequeno vilarejo no litoral de Alagoas, que consomem água proveniente do rio São Francisco. Posteriormente, constatou-se que o problema estava relacionado à ingestão de uma maior concentração de sal na água, causada pela intrusão de água do mar no rio, em decorrência da redução de sua vazão”, informa Oliveira. O assunto foi objeto de reportagens na mídia.


O estudo em pauta é muito significativo para o Brasil, que pode enfrentar um agravamento do estresse hídrico, com consequências severas para o abastecimento de água, a segurança alimentar e os ecossistemas. Mas seu alcance é ainda maior, pois serve como um chamado global para a revisão de estratégias de manejo hídrico em países tropicais, onde o uso crescente de águas subterrâneas coloca em risco os recursos hídricos superficiais.

O artigo Widespread potential for streamflow leakage across Brazil pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41467-024-54370-3.

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