POLÍTICA
A A | “Assédio não Decola”: governo lança campanha inédita em aeroportos brasileirosBianca MingoteNa terça-feira (12), o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) lançou, no Aeroporto Internacional de Brasília, a primeira campanha nacional de combate ao assédio nos aeroportos brasileiros. Com o slogan “Assédio não Decola”, a iniciativa busca conscientizar passageiros e profissionais do setor sobre como identificar, prevenir e denunciar situações de violência. Na terça-feira (12), o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) lançou, no Aeroporto Internacional de Brasília, a primeira campanha nacional de combate ao assédio nos aeroportos brasileiros. Com o slogan “Assédio não Decola”, a iniciativa busca conscientizar passageiros e profissionais do setor sobre como identificar, prevenir e denunciar situações de violência. O ministro Silvio Costa Filho ressaltou que a ação tem caráter pedagógico e educativo, reunindo esforços de órgãos do Governo Federal, concessionárias e entidades da sociedade civil para ampliar a proteção às mulheres que circulam pelos terminais aéreos. “Essa campanha é um marco histórico para a aviação brasileira”, afirmou. A ação será veiculada nos mais de 60 principais aeroportos do país, com o apoio das 12 concessionárias que administram os terminais e das três companhias aéreas nacionais. Costa Filho destacou ainda que a mobilização da sociedade é fundamental para dar visibilidade à campanha e fortalecer o combate ao assédio contra mulheres no ambiente aeroportuário: “É muito importante que a sociedade nos ajude a contribuir com essa divulgação nas suas redes sociais, nos seus canais de diálogo, para que a gente possa divulgar para todo o Brasil que o assédio não decola. Então, é uma campanha pedagógica educativa e a gente espera cada vez mais incutir essa campanha anualmente para que a gente possa diminuir o assédio nos aeroportos e nos espaços públicos. Sempre dizemos que o lugar de mulher é onde ela quiser e isso vale, sobretudo, para os aeroportos do Brasil”, afirmou o ministro. O ministro explicou que ainda não há dados detalhados sobre assédio no setor. No entanto, disse que a pasta vem realizando um estudo mais amplo sobre o tema. Ele frisou, ainda, que espaços como shoppings e aeroportos, entre outros espaços, são áreas onde podem ocorrer maior volume de assédio: “é o que vem acontecendo; então, é por isso que nós resolvemos lançar essa campanha”, destacou. O evento também contou com a participação de autoridades dos ministérios das Mulheres e dos Direitos Humanos e da Cidadania, de representantes de concessionárias e da sociedade civil. A iniciativa fortalece as medidas promovidas em prol do “Agosto lilás” – mês de conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres. Campanha “Assédio não decola”Conforme o MPor, a campanha vem sendo divulgada desde o dia 6 de agosto, abrangendo concessionárias aeroportuárias e aeroportos em canais oficiais, com ênfase nas redes sociais. Entre as participantes estão Aena, BH Airport, COA, Fraport, Guarulhos, Inframerica, Motiva, NOA, RIOgaleão, Vinci, ABV/Viracopos e Zurich. Durante o lançamento, a diretora de Planejamento e Fomento da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), Júlia Lopes, disse que, inicialmente, todas as concessionárias dos aeroportos federais concedidos aderiram à campanha. Aliado à campanha, o MPor e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também lançaram em maio o guia de Combate ao Assédio e à Importunação Sexual na Aviação Civil. A ferramenta traz informações sobre os tipos de assédio, como denunciar, medidas de acolhimento às vítimas e, ainda, orienta sobre a promoção do respeito e dignidade. “Esse material é importante não só para as mulheres, para elas poderem identificar, mas também para os homens, para que eles não pratiquem eventuais ações que possam ser consideradas uma importunação sexual, um assédio sexual. É importante também deixar claro quem pode denunciar, não só a vítima, mas também os terceiros que presenciem alguma situação, podem entrar em contato com um dos canais de denúncia ou, eventualmente, com alguma autoridade aeroportuária. Ou alguma autoridade dentro das aeronaves para fazer essa denúncia e assegurar um ambiente seguro tanto para as mulheres quanto para toda a sociedade”, afirmou Júlia Lopes. DivulgaçãoCom vistas a aumentar o alcance da campanha, os materiais são veiculados de forma digital em telas, totens e feeds nos principais terminais. A ideia é ampliar a efetividade da iniciativa a partir da divulgação tanto para passageiros, quanto para os funcionários dos aeroportos. Além da comunicação voltada aos passageiros, a iniciativa também deve promover ações internas com enfoque na sensibilização, capacitação e comunicação para profissionais da comunidade aeroportuária. Para essa finalidade será utilizada a intranet, newsletters, boletins, TVs internas, murais digitais e físicos. | A A |
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A A | O Brasil sob tutelaCongresso e mercado operam juntos para emparedar Lula. A democracia, neste contexto, sobrevive como aparência. O progressismo hesita entre o medo do confronto e a ilusão da moderação. 2026 se aṕroxima: é hora de construir novo pacto social e de conflito assumido A redemocratização brasileira não foi um reinício. Partiu de uma transição mal feita e de um pacto traiçoeiro. O colégio eleitoral, a posse de Sarney e o acordo que preservou interesses do regime militar mostraram que não haveria ruptura. A pressão popular e a articulação política de alguns segmentos resultaram na Constituição de 1988. Em 1989, a eleição direta trouxe Collor. Conservador no conteúdo, moderno na forma, corrupto na performance. Teve apoio da mídia e do mercado. Seu colapso abriu espaço para Itamar Franco, figura errática, com acenos nacionalistas. Mas sem projeto e método. De toda maneira, foi ele ao nomear FHC que abriu caminho para um novo ciclo. Com o Plano Real, a política se reorganizou em torno da estabilidade monetária. FHC abandona sua crítica à dependência e adere ao receituário neoliberal. O plano reduz a inflação, mas impõe juros altos, corte de gastos e abertura comercial. O custo social é alto. A elite econômica vê ali a chance de firmar um novo pacto. FHC torna-se o fiador de uma hegemonia que une tecnocratas, empresários, agro, mídia e parte da esquerda que se adaptou ao mercado. As eleições de 1994 e 1998 consolidam esse bloco. Lula é derrotado com a ideia de que representa risco. A política é tecnificada. A desigualdade, naturalizada. O discurso da estabilidade esvazia a luta de classes no imaginário popular. O PSDB assume a tarefa de operar a agenda do capital. As reformas avançam. A democracia se torna uma grande planilha. A direita abandona o esforço de formar lideranças populares. Passa a confiar na engrenagem institucional. Lula vence em 2002 em condições restritivas. A Carta ao Povo Brasileiro mostra isso. Henrique Meirelles no Banco Central é a ponte. Compromisso com o tripé macroeconômico. A habilidade de negociador de Lula foi um diferencial. Mas há contraponto: programas sociais, valorização do salário mínimo, crédito popular. O governo tenta equilibrar inclusão e ortodoxia. Sem confrontar os donos do poder. Um pacto tenso. A ascensão social existe, mas o sistema permanece intocado. O mensalão quebra esse equilíbrio. O STF assume protagonismo. O Judiciário passa a operar como instância política com funções de moderação. Mesmo sob ataque, Lula se reelege. Expande políticas sociais. Impulsiona o consumo. Estimula o crescimento. A base social se alarga. Mas as alianças conservadoras seguem. As reformas estruturais não vêm. O modelo dá sinais de cansaço. Dilma eleita tenta uma inflexão com o Estado mais presente. A resposta é rápida. O mercado reage. O Congresso sabota. O enigmático 2013 se transforma em movimento de desestabilização. A base se desfaz. Em 2016, o impeachment se consuma. Sem crime. Foi golpe. Novamente um pacto entre mercado, mídia, centrão e Judiciário. O programa rejeitado nas urnas assume o comando. Com Temer, o Estado muda de função. Torna-se instrumento direto do capital. Congelamento de investimentos. Reforma trabalhista. Avanço sobre direitos. O social é desmontado. A democracia perde substância. A Lava Jato entra em cena como peça-chave. Apoiada por mídia e articulada com interesses externos. Atua para deslegitimar o campo popular. Interdita Lula. Reconfigura o Judiciário como poder moderador. A exceção vira método. A legalidade, instrumento de exceção. Bolsonaro surge desse colapso. Ocupa o vácuo da direita tradicional. É o produto da sabotagem institucional e da radicalização. Um governo tosco, antipovo, mas funcional. Conserva a política econômica. Adula a plutocracia. Militariza o Estado. Naturaliza o autoritarismo. No fim, tenta o golpe. O 8 de janeiro expõe o enraizamento da extrema direita nas instituições. O bolsonarismo sobrevive à derrota. A democracia permanece sob cerco. Lula volta em 2023 como solução possível. Herda um país esvaziado. Orçamento capturado. Congresso hostil. Forças armadas inquietas. Mercado vigilante. Governa com habilidade. Mas cercado. Reconstrói. Mas negocia em posição fraca. A repetição do pacto cobra seu preço. O STF se estabelece com o fiador da democracia e, como sempre, dos interesses do capital. A direita está na base do governo e vota como oposição. A direita segue incapaz de gerar lideranças legítimas. Opera por sabotagem. Manipula redes. Alimenta o ressentimento. Tenta fabricar uma candidatura. Mas falta lastro. Tarcísio é o rosto da tentativa: gestor técnico, disciplinado, útil ao capital, distante do povo. Um projeto sem alma. Eficiência sem política. A crise institucional escancara o impasse. O Pix como arma política. O IOF como batalha fiscal. O orçamento como moeda de chantagem. Congresso e mercado operam juntos. O topo não aceita ser tocado e além de ser defendido por largas frações do poder político, é apoiado nos setores populares sob a falácia do empreendedorismo e do liberalismo de almanaque. O governo tenta governar sob veto. O capital impõe limites. O país vive sob tutela. 2026 se aproxima. O país não escolhe apenas entre candidaturas. Escolhe entre seguir tutelado por pactos de exceção ou refundar o sentido da política como expressão de conflito real. A direita não tem projeto popular. Apenas arranjos. A extrema direita avança onde o centro colapsou. E o progressismo hesita, entre o medo do confronto e a ilusão da moderação. Parte da esquerda propõe ruptura sem calcular a ressaca. No entanto, se não houver ruptura com a lógica da administração do esvaziamento, o país seguirá oscilando entre a violência e a paralisia. A democracia, nesse cenário, sobrevive como aparência. O desafio é outro: construir um novo pacto social, com redistribuição, conflito assumido e protagonismo popular. | A A |
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A A | ![]() Para desencarcerar a imaginação políticaCrise atual é, também, da capacidade de entrever outros mundos. E se houvesse limites à riqueza extrema e taxação de grandes fortunas em nome do “luxo” público e coletivo? Alternativas surgem quando se desnaturaliza o capitalismo Um dos maiores êxitos do capitalismo é desligar nossa imaginação. Com a ajuda de suas ferramentas preferidas — o neoliberalismo e o fascismo —, ele nos convence de que “não há alternativa”. Nossa primeira tarefa é reacender nossa imaginação moral e nomear nossas alternativas. Não consigo contar quantas vezes me disseram: “se você é contra o capitalismo, deve ser comunista” ou “deve ser feudalista”. Na verdade, como no meu caso, é possível ser ferrenhamente contra o capitalismo, o comunismo e o feudalismo. Ajuda entender o que é o capitalismo. Isso significa reconhecer que sua verdadeira natureza é infinitamente disfarçada. É um sistema econômico distinto que surgiu há cerca de 600 anos. Em The Invisible Doctrine, damos esta definição: “O capitalismo é um sistema econômico fundado no saque colonial. Ele opera em uma fronteira constantemente mutável e autodestrutiva, na qual tanto o Estado quanto poderosos interesses privados usam suas leis, respaldadas pela ameaça de violência, para transformar recursos comuns em propriedade exclusiva e converter riqueza natural, trabalho e dinheiro em commodities acumuláveis.” Capitalismo não é o mesmo que comércio. A Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) e a Companhia Britânica das Índias Orientais não estavam negociando com as pessoas cujas terras, trabalho e recursos eles tomaram. Nem os traficantes de escravos no Caribe e nas Américas. Também não é comércio a resolução de disputas entre investidores e Estados (ISDS): nações são forçadas a ceder recursos a corporações ou pagar indenizações. Nem a conversão de florestas tropicais em pastagens ou a extração de minerais do fundo do mar. Ninguém está negociando livremente ou sendo devidamente remunerado nesses casos. Sim, saqueadores coloniais podem depois negociar a riqueza que roubam: o capitalismo pode se cruzar com o comércio e até dominá-lo. Mas não é a mesma coisa. O comércio existe há milhares de anos. Pode haver capitalismo sem comércio e comércio sem capitalismo. Comércio sem capitalismo — uma troca entre iguais, sem coerção e com escolha genuína — é um objetivo muito bom. Pense em uma feira livre, onde vendedores e compradores estão em pé de igualdade, há escolha real entre as barracas e ninguém é obrigado a vender ou comprar de alguém. Agora imagine que tudo o que a feira vende seja negociado de forma justa com as pessoas de cujas terras vêm os produtos ou suas partes. Imagine que quaisquer custos ou danos causados em sua produção sejam totalmente compensados e reparados. Imagine que não haja coerção ou violência em nenhum ponto da cadeia. Imagine algo como o comércio de noz-moscada quando pertencia aos bandaneses, antes que as potências europeias buscassem monopolizar o produto e depois tomassem as terras e o trabalho necessários para produzi-lo. Entende? Não é difícil começar a imaginar algo diferente. Agora vamos olhar pelo outro lado. A promessa do capitalismo é que todos podemos aspirar ao luxo privado. Não importa que o sistema seja construído sobre alguns explorando outros, que precisam permanecer pobres para que a exploração funcione. Não importa que nem mesmo haja espaço físico (muito menos ecológico) para luxo privado universal. Um dia, diz a promessa, você também terá cinco mansões, um iate gigante, um jato particular etc. Assim como os escravos infantis que extraem coltan na República Democrática do Congo e os uigures que fabricam componentes em campos de trabalho chineses. Como alguém foi convencido a acreditar nessa promessa — de que os ganhos seriam universalmente desfrutados? Isso é, e sempre foi, uma mentira. Agora imagine que ninguém possa continuar acumulando até o ponto em que possa exercer poder sobre os outros. Por poder, quero dizer tanto poder econômico quanto — porque um compra o outro — poder político, levando à oligarquia, que vemos surgir novamente ao redor do mundo. Imagine, como propõe a filósofa belga Ingrid Robeyns, que, assim como há uma linha de pobreza abaixo da qual ninguém deve cair, há uma linha de riqueza acima da qual ninguém deve subir, estabelecida por impostos sobre fortunas. Isso quebraria a espiral patrimonial de acumulação que Thomas Piketty identificou.Um dos maiores êxitos do capitalismo é desligar nossa imaginação. Com a ajuda de suas ferramentas preferidas — o neoliberalismo e o fascismo —, ele nos convence de que “não há alternativa”. Nossa primeira tarefa é reacender nossa imaginação moral e nomear nossas alternativas. Agora imagine que esses impostos fossem usados para criar algo bem diferente do luxo privado: serviços públicos muito melhores e… luxo público. Parques e edifícios públicos magníficos, piscinas, campos esportivos, teatro e ópera gratuitos e outras coisas que os ultrarricos desfrutam, mas para todos. Imagine que todos tivéssemos nosso próprio espaço privado modesto, uma casa decente e os componentes essenciais para uma vida digna, mas, quando quiséssemos nos expandir, pudéssemos fazê-lo de formas que todos possam compartilhar, com um custo ecológico muito menor. Luxo público significa criar espaço para os outros, não tomá-lo. Assim, temos outro componente de uma nova economia — “suficiência privada, luxo público”. Poderia continuar, mas você entendeu a essência: essas coisas não são difíceis de imaginar. Passei a detestar a afirmação, atribuída a vários autores e repetida à exaustão, de que “é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo”. É ignorante e derrotista. Claro que você não consegue imaginar o fim do capitalismo se não sabe o que ele é! Mas, assim que você o define claramente, consegue ver como ele acaba. Alternativas ao capitalismo estão ali, esperando por nós. Mas não podemos tê-las se não as imaginarmos. E imaginá-las é muito mais fácil do que, bem, você pode imaginar. O fracasso político é, no fundo, um fracasso da imaginação. | A A |
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A A | MIDR repassa R$ 6,4 milhões para 16 cidades afetadas por desastresAgência do RádioO Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, autorizou nesta segunda-feira (19), o repasse de R$ 6,4 milhões para ações de resposta e recuperação em 16 cidades brasileiras O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, autorizou nesta segunda-feira (19), o repasse de R$ 6,4 milhões para ações de resposta e recuperação em 16 cidades brasileiras. Serão beneficiadas municípios nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Pará, Amazonas e Mato Grosso. O estado do Pará receberá o montante de R$ 3.868.871,17, distribuídos entre os municípios de Salvaterra, Bagre, Monte Alegre, Limoeiro do Ajuru e Bannach. Minas Gerais receberá R$ 1.714.295,53, contemplando as cidades de Francisco Badaró, Santa Luzia, Mantena, São Geraldo da Piedade e Mercês. O Rio Grande do Sul contará com R$ 149.340,00, divididos entre Ametista do Sul e Ponte Preta. Já o Amazonas terá R$ 326.529,60, destinados a Carauari e Guajará. O Maranhão receberá R$ 235.842,00, exclusivamente para o município de Pindaré-Mirim. Por fim, o Mato Grosso contará com R$ 105.961,90 para Salto do Céu. As portarias com os repasses foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU). Confira:
Os valores destinados a cada município são definidos por critérios técnicos da Defesa Civil Nacional e variam conforme o valor solicitado no plano de trabalho, magnitude do desastre e número de desabrigados e desalojados, entre outros parâmetros. Como solicitar recursosMunicípios que tiverem o reconhecimento federal de situação de emergência ou estado de calamidade pública podem solicitar recursos ao MIDR para ações de defesa civil. As solicitações devem ser realizadas por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD). A partir dos planos de trabalho enviados, a equipe técnica da Defesa Civil Nacional avalia as metas e valores propostos. Após a aprovação, os repasses são formalizados por meio de portaria no DOU, liberando os valores correspondentes. Capacitação para agentes de defesa civilA Defesa Civil Nacional também oferece uma série de cursos a distância para capacitar e qualificar agentes municipais e estaduais no uso do S2iD. O objetivo é preparar os profissionais das três esferas de governo para responderem de forma eficiente às situações de emergência. Confira aqui a lista completa dos cursos. Para saber mais sobre as ações do Governo federal em Proteção e Defesa Civil, acesse mdr.gov.br. | A A |
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A esquerda que peca pela boca e coraçãoA linguagem não é ornamento da política — é parte fundamental da luta. Ultradireita entendeu isso, com linguagem direta e mobilizadora, ainda que distorcida. Enquanto isso, a esquerda fragmenta-se e se consome em torno de polêmicas narcísicas — sobre identitarismo, por exemplo Se há algo difícil de superar no cotidiano da esquerda, pior do que o Centrão e o teto de gastos, é conversar sem tropeçar em palavras que já vêm marcadas. Sem superar isso, em breve estaremos todos juntos chorando dentro de um boteco com os nossos manuais de verdades absolutas debaixo do braço. Não é novidade que a disputa por sentido sempre foi parte essencial da política. O que muda, hoje, é a intensidade com que os conflitos simbólicos ocupam o centro da arena pública. Não se trata de um fenômeno novo, mas de uma aceleração: as palavras foram reativadas como território estratégico, e não apenas como meio de expressão. A esquerda, por sua vez, ampliou de forma consistente os modos de nomear e interpretar o mundo a partir das lutas concretas de grupos historicamente marginalizados. Essa ampliação é uma conquista histórica, um avanço. Mas também traz um desafio importante: a fragmentação dos vocabulários pode dificultar a construção de um horizonte comum de ação. A dificuldade não está no excesso de vozes, mas na ausência de mecanismos capazes de ligar essas vozes em torno de um projeto político compartilhado. A política institucional — especialmente nas disputas públicas mais amplas — exige objetividade e articulação. Não se trata de reduzir a complexidade das experiências, mas de encontrar formas de expressá-las de modo que possam ser reconhecidas também por quem vive outras realidades, com outros repertórios. Sem essa ponte, mesmo a formulação mais justa corre o risco de não mobilizar. A extrema direita percebeu isso e usou bem. Criou uma linguagem direta, emotiva, fácil de repetir, mesmo que cheia de distorções. Não é uma linguagem mais verdadeira ou justa, mas funciona como código comum para quem a consome. Com poucas palavras, ela mobiliza medo, pertencimento, hostilidade e ódio. Sua força está na repetição organizada, não na coerência interna. Nesse cenário, o termo “identitarismo” se tornou um espantalho funcional — dentro e fora da esquerda. Criado como crítica à fragmentação sem projeto, passou a ser usado para desqualificar lutas legítimas por reconhecimento e redistribuição. Em muitos casos, virou um recurso fácil para evitar enfrentamentos reais — ignorando ou desprezando a complexidade política, histórica e afetiva dessas pautas. Parte da esquerda, ao aderir a esse uso superficial, contribuiu para desarticular alianças e embaralhar disputas fundamentais. A direita, com faro apurado, capturou o desgaste: juntou ao seu pacote de preconceitos, violência e generalização o uso da diversidade como sinônimo de desorganização, e tratou a diferença como sinal de fraqueza, desvio ou ameaça à ordem. Enquanto isso, o neoliberalismo se aproveita do cenário. Ele não precisa apagar a diversidade, ele a exalta empastelando seus propósitos — assim, garante que ela não se organize politicamente de forma coordenada. Incentiva causas isoladas, transforma demandas em nichos e lutas em produtos. A multiplicidade sem articulação não ameaça o sistema; apenas o torna mais adaptável. A solução não é abandonar a pluralidade, mas criar formas de comunicação entre diferentes campos da luta. Isso exige vocabulários capazes de carregar múltiplas experiências sem apagá-las. A articulação política precisa lidar com a diferença sem exigir uniformidade. E isso não é ignorar a realpolitik. Sem esse trabalho, a fragmentação continua sendo uma vantagem dos adversários e um ponto de enfraquecimento da esquerda. Autores como Bourdieu, Gramsci e Angela Davis ajudam a pensar esse problema por caminhos diferentes, mas que se cruzam. Bourdieu mostra que a linguagem nunca é neutra — ela expressa e reproduz disputas por legitimidade, visibilidade e poder. Gramsci ensina que uma visão de mundo se torna dominante quando passa a parecer natural, quando ocupa o senso comum. Angela Davis reforça que nenhuma transformação radical se sustenta sem enfrentar as opressões cruzadas de raça, gênero e classe — e que as palavras, as narrativas e os silêncios fazem parte real dessa estrutura. Tratar da linguagem, nesse sentido, não é abandonar o marxismo — é atualizá-lo a partir das contradições que ele historicamente ignorou ou tratou como secundárias. Nenhum desses autores oferece atalhos. Mas todos deixam claro que disputar o sentido das palavras é disputar o terreno da política. E quem foge dessa disputa, enfraquece o próprio projeto de mudança. Esse trabalho é de base, mas também de formulação e de enfrentamento político. Requer coragem para tensionar certezas herdadas, romper com padrões de fala que excluem e abrir espaço para vocabulários mais compartilháveis. Quem atua em partidos, movimentos, coletivos, redes ou escolas precisa se fazer entender — mas também se dispor a entender os outros. Traduzir não é diluir. É abrir canal de escuta. É construir discurso que acolha quem nunca pisou numa assembleia, mas que tem tudo pra estar nela. Não se trata de escolher entre rigor e comunicação, nem entre complexidade e alcance. A tarefa é formular com responsabilidade, disputar com convicção e não terceirizar o sentido das palavras. Quem não entra nesse terreno deixa que outros o ocupem — e eles ocupam, está provado no cotidiano. A linguagem não é ornamento da política. É parte fundamental da luta. Quem foge dessa disputa, perde antes de saída. | A A |
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O Radar do Desenvolvimento condensa horas de pesquisa e análise em leituras concisas e informativas sobre políticas públicas e desenvolvimento econômico, permitindo que você se mantenha informado e preparado com um investimento mínimo de tempo.
Cada edição é uma oportunidade de aprendizado e aprimoramento profissional, mantendo você atualizado sobre as melhores práticas e inovações no campo das políticas públicas e desenvolvimento econômico.
Olá!
Hoje, vamos comparar as diferentes abordagens de desenvolvimento entre o Brasil e os países asiáticos, especialmente China, Coreia do Sul e Índia.
Uma análise que pode mudar sua visão sobre o futuro do nosso país.
Antes de começarmos, é importante entender que todos esses países eram considerados "em desenvolvimento" até algumas décadas atrás. O Brasil chegou a ser visto como um "milagre econômico" nos anos 70, assim como os tigres asiáticos. No entanto, os caminhos divergiram drasticamente.
Comparação Detalhada
Planejamento Nacional
Brasil: Abandonou o planejamento de longo prazo após os anos 80, focando apenas em controle inflacionário
Tigres Asiáticos: Mantêm planos quinquenais e projetos nacionais de desenvolvimento claros
Política Industrial
Brasil: Políticas industriais fragmentadas e descoordenadas, sem visão sistêmica
Tigres Asiáticos: Política industrial consistente e integrada com outros setores da economia
Relação Estado-Mercado
Brasil: Dicotomia entre estado e mercado, como se fossem excludentes
Tigres Asiáticos: Pragmatismo na relação estado-mercado, usando ambos para desenvolvimento
Prós e Contras
Brasil
Prós:
Controle da inflação
Estabilidade monetária
Sistema financeiro sólido
Contras:
Ausência de projeto nacional
Baixo crescimento econômico
Desindustrialização
Tigres Asiáticos
Prós:
Crescimento econômico consistente
Avanço tecnológico
Visão de longo prazo
Contras:
Maior tensão social em alguns casos
Possíveis bolhas econômicas
Dependência de exportações
A comparação entre Brasil e tigres asiáticos revela dois caminhos drasticamente diferentes
O Brasil optou por focar na estabilização monetária, abandonando o planejamento de longo prazo. Já os países asiáticos mantiveram seus projetos nacionais de desenvolvimento mesmo durante crises, combinando estabilidade com crescimento acelerado.
Os resultados são claros: enquanto China, Coreia do Sul e Índia avançam em setores estratégicos e tecnológicos, o Brasil luta contra a desindustrialização e o baixo crescimento.
Não é questão de copiar modelos, mas de recuperar nossa capacidade de planejar o futuro como nação.
Cada país escolhe seu destino - alguns escolhem crescer, outros escolhem esperar.
O contraste entre estas duas abordagens de desenvolvimento nos força a questionar: até quando manteremos a ilusão de que estabilidade sem projeto é suficiente? Os tigres asiáticos provam que é possível fazer diferente.
A questão agora é se teremos a coragem de repensar nosso modelo de desenvolvimento.
Abraços,
Paulo Gala
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